terça-feira, 29 de março de 2011

O estado de Portugal

O estado critico em que se encontra Portugal, além de ser preocupante, entrou numa forma de deliquescência, tanto a sua fragilidade économico-financeira é grande, atingindo mesmo patamares jamais atingidos até aqui. Além das dividas que possui, e que tem de honrar proximamente, a catapulta com que os partidos da oposição atiraram o governo PS, eleito pelo povo, para as grades, fragilisa ainda mais todas as negociações da divida e dos empréstimos, necessarios, que tem de obter.

Agora, muitos perguntam; Aonde vai o Pais?

E é aqui que o "braço doi!" Qualquer quer que seja o partido a governar, o "braço vai doer" a muitos, ainda mais, e em primeiro lugar aos mais necessitados.

Não sei qual é o remédio que cura tal doença. Mas, pelo que tenho observado, visto e ouvido, parece haver tantos "grandes" economistas, tantos "doutores sabichões" no nosso pais e nenhum é capaz de encontrar a solução? Muitos fazem bons diagnosticos e alguns tentam dar a receita mas unicamente no que toca à teoria porque na pratica nenhum quer que o problema se resolva. E de conhecimento notorio que muitos desses "altos" quadros recebem salarios exorbitantes e que no fundo pouco fazem para os merecerem. Esperam todavia continuar a "MAMAR" na tetas da "VACA gorda Estado", para eles providencial, pouco importa a crise e as dificuldades com que se debate a grande maioria. Alguns desses senhores, que nada conhecem da vida dos trabalhadores, deveriam, nem que fosse uma so vez, meter as mãos na m.... para verem que ela as suja e que cheira mal... Para eles, Portugal deu e dà tudo, para a maioria do povo, Portugal não deu, nem dà, nada. Mas isto não é de agora, jà vem de longe. Julgavamos que o 25 de abril tudo mudaria mas afinal tudo - ou quase - voltou como dantes. Um pais de corrupção e de enriquecimento ilegal - o CM lançou precisamente uma petição contra o que considera, e com justiça, como crime - um pais de "castas" embora que por razões de dignidade ninguém as nomeie, um pais de desiguldade como poucos ou nenhum na Europa, um pais que deixa o seu povo expatriar-se, um pais à deriva portanto.

Quando, aqui em França, o governo propõe um debate sobre a IDENTIDADE, eu questiono-me:

QUAL é a minha? E preciso ter amor à patria, esse amor que todos os portuguêses ( ou quase) nunca esqueceram embora nada tivessem ou tenham, como eu, que os mantenha assim ligados ao ponto de guardar a nacionalidade portuguêsa. Muitos "FUGIRAM, ERRARAM, COMPREENDERAM, PENSARAM, VIVERAM E PERDOARAM (ou PARARAM), exatamente como eu. Por isso escrevi o poema seguinte;


O estado do meu pais, como sempre mal desde a raiz, o infeliz

se esta arruinado eu nada lhe fiz, e como muitos outros amargurado como se diz

deseperado por carris, FUGI


Fugi sem que nenhum mal tenha feito, nem mesmo dividas deixar

opressado até me doia o peito, por o meu pais de ter de abandonar


Triste ironia de uma raiz arrancada, como uma orquestra de repente paralisada,

vitima d'atonia partição musical errada, sinfonia por mim abandonada

em silêncio sai da sala, desesperado pela estrada, ERREI


Errei e portanto nada fiz de mal, nem crime nem mesmo mà vizinhança,

de mim não quiz Portugal, os braços me abriu a França


De nada serve correr analiso prudente, retomo energia revigorado pelo presente,

ouço outra sinfonia em pais diferente, agarro-me à sua raiz ela pega lentamente,

não precisa de muita agua o solo é menos quente, a seiva corre agora em ritmo mais frequente, COMPREENDI,


Compreendi que nada tinha feito de mal, e até perdoo tudo do passado,

deixei Portugal afinal, sem cometer qualquer pecado


Em França nunca estive perdido, concerto retoma o esquecido, não sinfonia de luto porque vivido, desde então neste pais escolhido, outro caminho é percorrido, a vida tem outro sentido, PENSEI


Pensei nas aves sazonais, que vivem e voam errando,

não como os nossos pardais, que permanecem no campo


Mas não me posso esquecer, daquela juventude de prazer, que vivi nos momentos de lazer,

onde o clima ajudava a viver, mas onde havia cães policias a correr, atras de ti p'ra te prender, VIVI


Vivi para depois caminhar, como um peregrino a Compostela,

do mal nada serve relembrar, vale mais relembrar a terra,


Nada existe como a liberdade, por estes lados falava-se à vontade, mas a nostalgia também me invade, porque vem à tona a impossibilidade, de viver os temps de outrora com outra realidade, que hoje me atormentam é a eterna saudade, PERDOEI ( e parei)


Parei em Paris linda cidade, onde ha muita coisa boa

mas nada existe na realidade, como a nossa linda LISBOA.


Se um dia FUGI

E por estradas ERREI

Dificilmente COMPREENDI

Mas mesmo assim PENSEI

Que tudo o que VIVI

Mereceu a pena e PERDOEI


Antonio DESENER


segunda-feira, 28 de março de 2011

IDENTIDADE

Dizia na minha mensagem de abertura deste blog, que o governo francês tinha metido a debate o problema da identidade. Tratava-se, salvo o erro, de verificar se os emigrantes que tinham adquirido a nacionalidade francêza, se identificavam ou não com a nação "FRANçA". Esta matéria, a priori, não dizia respeito aos portuguêses de nacionalidade, porque europeus. Mas, todos aqueles que tinham obtido a nacionalidade francêza, estavam concerteza no lote das pessoas a quem aquele debate também dizia respeito.


No que me refere, porque nunca fiz a "démarche administrative" para obter a nacionalidade francêza ( dupla nacionalidade), tal sujeito também me preocupava. Ultimamente e por razões puramente politicas, o problema da identidade foi atirado para as calendas gregas. E ainda bem.

Mas, não é porque o governo francêz fez marcha atras que o problema foi resolvido. Longe disso!

Em todo o caso existe atualmente uma espécie de fantasma na cabeça de alguns governantes que para melhor abraçarem as teses da extrêma direita tentam por caminhos encurvados continuar a evoca essa tematica, e isso porque o problema da emigração, cada vez mais numerosa, é um sujeito de preocupação dos politicos de direita e ainda mais de extrêma direita.


A presença de centenas de milhares de portuguêses em França não faz a primeira pagina dos jornais. E isto por varias razões:

1 - somos uma comunidade pacata, 2 - somos um povo docil e facil de contentar,

3 - somos considerados como bons trabalhadores,

4 - somos pouco reinvidicadores,

5 - somos pouco politizados,

6 - somos europeus,

e para mais, as segundas e terceiras gerações são "désormais" de nacionalidade francêza.


Mas nem tudo é côr de rosa, direi mesmo que ha muito ostracismo e muita inveja. Muitos portuguêses são vitimas justamente em razão dos numerosos atributos positivos que nos sao atribuidos. De hoje em dia a grande maioria dos portuguêses possuem uma casa propria "vivenda e/ou apartamento" e em muitos casos superiores aquelas que os proprios francêzes possuem. Sem esquecer que sendo majoritariamente trabalhadores da construção civil, mesmo comprando uma casa "velha" rapidamente a transformam com enormes melhorias tornando-as "belas casas". Muitos desconhecem também que em certas ocasiões os portuguêses são excluidos de algumas prestações ou beneficios de varias ordens sob pretexto que tendo exatamente casa propria e até casa em Portugal, não precisam. Sem esquecer que, os primeiros que aqui chegaram eram em grande parte analphabetos ou pouco instruidos e esta marca "indelével" é como um rotulo colado à pele de cada um.


A identidade LUSA dos portuguêses de França perde-se dia-a-dia. Se a lingua continua a ser mantida pelos mais antigos, os mais novos e também muitas mulheres da primeira geração, ja não querem fazer português. Se a maioria dos antigos "HOMENS E MULHERES" possuem um bilhete de identidade de cidadão português, a nacionalidade portuguêsa escapa-lhes cada vez mais. O paradoxo é ser-se português, em consequência EUROPEU, sem usifruir os beneficios que a EUROPA nos devia outorgar. Assim, os portuguêses podem agora votar nas eleições locais e nas europeias, mas no pode votar nas outras, aquelas que elegem os deputados e os conselheiros departementais ou regionais, e nas presidenciais. E nestas alturas, decisivas para a vida social e economica do pais, que nos portuguêses somos excluidos de voto. E é nestas alturas em que realmente me ponho a questo;

AFINAL, QUAL é A MINHA IDENTIDADE?